“A música portuguesa tem elevada qualidade e os artistas nacionais merecem estar num dos maiores festivais do mundo”
Dois meses passam em dois dias e o Rock In Rio está aí à porta, quatro intermináveis anos depois da última edição. Além dos grandes nomes do Palco Mundo, o Galp Music Valley é uma mistura de consagrados com novo talentos, músicos brasileiros, portugueses, rock, pop, rap MPB e DJs. Além da programação, este palco assume um papel de responsabilidade social ao nível da sustentabilidade. Tudo explicado pela responsável do festival Roberta Medina.
O Galp Music Valley tem nomes muito diversificados em géneros, públicos e gerações. Quais foram os critérios para a escolha do cartaz?
Desde a sua primeira edição, em 1985, que o Rock in Rio sempre teve alinhamentos diversificados e se pautou por incluir diferentes géneros musicais no seu line up. Se pensarmos, por exemplo, que no primeiro dia da 1ª edição do Rock in Rio o cartaz incluía nomes como Queen ou Iron Maiden e, no mesmo palco, Ney Matogrosso ou Erasmo Carlo, é a prova que sempre procurámos diversidade e que o objetivo foi e continua a ser oferecer um lineup eclético, capaz de agradar a várias gerações e públicos.
Quando pensámos no alinhamento do Galp Music Valley, o racional foi exatamente o mesmo: conseguir, dentro do género musical de cada dia – comandado pelo Palco Mundo e que tem dias mais rock, outro pop, outro mais classic e um outro mais jovem – trazer uma proposta de conteúdo capaz de agradar diferentes públicos.
A relação com os outros palcos foi tida em conta?
O Palco Mundo dita a “regra”. A curadoria começa por aí e seguem-se todos os outros palcos da Cidade do Rock, que procuram oferecer um cartaz complementar mas que vá ao encontro do perfil do público de cada dia, obviamente respeitando o conceito de cada palco.
No dia 18 temos, então, no Palco Mundo Muse, The National, Liam Gallagher e Xutos & Pontapés, enquanto o Galp Music Valley recebe bandas portuguesas consagradas como The Black Mamba e Linda Martini, bem como Izal – uma das maiores bandas espanholas da atualidade, que acabam a sua carreira numa última digressão que passa pelo Rock in Rio. No dia 19 temos um dia mais mainstream, que também se reflete no Galp Music Valley com nomes como Bárbara Tinoco, Edu Monteiro, Iza, ou até mesmo o projeto Funk Orquestra que é uma nova forma de trazer o funk tocado por uma orquestra sinfónica. É também o dia do Deejay Kamala encerrar a Cidade do Rock tocando até ao fechar de portas, depois dos Black Eyed Peas.
No dia 25 – o dia em que o Palco Mundo recebe Duran Duran e a-ha -, o Galp Music Valley recebe Ney Matogrosso, o comeback dos Delfins e José Cid. Um dia de maior revivalismo, que brinda à idade de ouro do rock, onde também há espaço para receber nomes da nova geração da música, sempre alinhados com o público e a sonoridade predominante do dia. É o caso de Luca Argel ou, até mesmo, de António Zambujo, que sendo já um dos maiores nomes da música Portuguesa e não sendo do perfil “rock antigo” é um nome que o público desse dia aprecia e valoriza. Já no último dia, os beats do hip hop, do rap, do trap e do funk tomam conta e isso reflete-se tanto no Palco Mundo como no Galp Music Valley. Se combinarmos o lineup dos dois palcos, temos: o funk de Rebecca (GMV); o soul dos HMB (Palco Mundo); a estreia do projeto Blueyes (GMV); os hits de Jason Derulo (Palco Mundo); um espetáculo especial de Piruka que convida Jimmy P e Gama (GMV); a já estrela mundial Anitta (Palco Mundo); um “baile de hiphop” com Sam The Kid & Mundo Segundo (GMV); Post Malone a encerrar o Palco Mundo; e Diego Miranda a encerrar o Galp Music Valley – e o festival.
Há conceitos específicos para cada um dos dias?
Os conceitos acabam por ser orientados pelo Palco Mundo, que é o “fio condutor” da proposta musical de toda a Cidade do Rock, ainda que se procure sempre diversidade e complementaridade entre palcos.
A música portuguesa tem um peso muito grande neste palco. Porquê?
Porque a música portuguesa tem elevada qualidade e os artistas nacionais merecem estar num dos maiores festivais do mundo. Num festival como o Rock in Rio, cujo cartaz inclui grandes estrelas internacionais capazes de encher estádios como é o caso dos Muse, Black Eyed Peas, Duran Duran ou Post Malone, e tem como “second to headliner” nomes que também são de primeira liga (como The National, Liam Gallagher, a-ha, Anitta ou Jason Derulo), é imperativo contar com o talento nacional e o melhor da música portuguesa. Só assim alimentamos a indústria e a cultura nacional.
A escolha do cartaz para 2022 foi feita de raiz ou teve em conta os adiamentos dos dois anos anteriores?
Vários artistas, tanto do Palco Mundo como do Galp Music Valley, estavam já confirmados para a edição de 2020 do festival. Ao longo dos dois adiamentos, procurámos sempre manter os artistas que já estavam connosco no cartaz, dando a possibilidade aos fãs de, este ano, finalmente verem esses concertos. Quando abrirmos portas da Cidade do Rock, em junho, das milhares de pessoas que passarão pelo recinto há 60.000 pessoas que terão o seu bilhete guardado desde 2019. São três anos à espera de ver os seus artistas preferidos, à espera da hora do reencontro!
É anunciado “um novo design de palco, atividades e ativações”. Quais são as novidades para este ano?
Todas as pessoas têm a sua própria identidade, forma de estar, valores e ideais. No Rock in Rio, através do poder dos conteúdos e da música, todos os palcos terão também tem a sua própria identidade, visão e valores.
No Galp Music Valley essa visão poderá ser encontrada na cenografia, que conta uma história de sustentabilidade, futuro e interligação com os elementos da natureza. Este é, também, um palco que procura ir além da música, passando mensagens e sensibilizando o público para questões que estão na ordem do dia, como a preservação do planeta, a sustentabilidade, a transição energética, abordando o tema das “cidades do futuro” ao trazer soluções eficientes como painéis solares, geradores mais eficientes, um espaço dedicado a surdos, entre outras ações. Fora do palco, as ativações que preencherão a Cidade do Rock também terão como objetivo aproximar o público de todas as temáticas que estaremos a abordar nos palcos do festival.
De que forma é que as “cidades do futuro” vão estar presentes no Galp Music Valley?
O maior legado do Rock in Rio é impulsionar alterações de comportamentos. Neste espaço, queremos levar as pessoas a pensar o que serão as cidades de futuro, para que estas se situem na importância do seu papel neste tema. Queremos trazer o apelo de sermos, cada um de nós, uma peça importante na mudança que queremos ver no mundo.
Todos os dias, o palco irá abrir com um vídeo do seu manifesto, que introduz o público nesta conversa, e nas nossas plataformas, assim como as dos parceiros deste palco, amplificaremos a mensagem com dicas de comportamento – algo que, na verdade, o Rock in Rio já tem vindo a fazer através das suas redes sociais. Durante o festival, o publico também poderá enviar as suas mensagens para esse futuro e nós partilharemos no telão do palco. Além disso, estamos, ainda, a fechar as propostas de atividades na Cidade do Rock mas podemos já adiantar que no caso do Galp Music Valley e das marcas e parceiros que se juntaram a esta “conversa” teremos ativações relacionadas com a transformação energética, com mobilidade sustentável, entre outras que iremos entretanto anunciar.
Quais são as práticas sustentáveis a adoptar neste palco?
Esta edição, à semelhança do que já fizemos nas anteriores, iremos implementar várias práticas sustentáveis em toda a Cidade do Rock. Falamos de um festival que já é, desde 2016, lixo zero, reencaminhando todos os seus resíduos para reciclagem ou valorização através de um exigente plano de gestão de resíduos. Fazemos doação de materiais no final do evento para associações, escolas, teatros e, até, outros festivais; doamos sobras alimentares em boas condições; e a correta separação de resíduos é um dos aspetos fundamentais para o sucesso de toda a nossa operação, por isso formamos pessoas e fornecemos informação sobre como separar corretamente esses mesmos resíduos, além de acompanharmos toda a operação para garantir que tudo está a ser cumprido. Além de tudo isto, em 2018 também adotámos o copo reutilizável, tendo nessa edição reduzido em 10 toneladas a produção de resíduos.
Outros dos esforços que temos vindo empreender a cada edição é a redução do consumo de combustível, usando cada vez mais a energia da rede e geradores mais eficientes. Para esta edição, por exemplo, temos previsto usar metade dos que usámos na edição de 2018.
A mobilidade é outro dos pontos ao qual damos total importância. Todos os anos criamos, com vários parceiros de transporte coletivo, pacotes, percursos e horários adequados ao evento, para que o público possa ir e vir ao Rock in Rio de forma segura e sustentável, deixando o seu veículo em casa.
No caso concreto do Galp Music Valley, esta edição, podemos adiantar que as estruturas do palco serão alugas e, por isso, esse mesmo palco será reutilizado. A água utilizada na piscina das Somersby Pool Parties é, não só, tratada e reutilizada como utilizaremos painéis solares para aquecimento dessa mesma água. Além disso, o painel de plantas que usamos na cenografia é natural e será doado no final à equipa, assim como a relva sintética, que é lavada, tratada e reutilizada pelo fornecedor. Toda a sinalética deste espaço, tal como do resto do recinto, será em Português e em inglês. A energia será fornecida por geradores mais eficientes que no ano de 2018, garantindo uma redução no consumo de combustível significativa. Teremos uma plataforma para pessoas com mobilidade reduzida e, pela primeira vez, um espaço dedicado a surdos para sentirem a vibração da música. No espaço de consumo de bebidas teremos sensibilização para consumo responsável. Além disso, toda a nossa comunicação tem, também, como objetivo trazer este tema para a ordem do dia, ajudando a impactar mais pessoas e despertando mais consciências. Estamos ainda a desenvolver, em conjunto com diferentes parceiros, mais ativações que irão encontro destas premissas.
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