Djonga, o rapper letrado da favela
A proliferação de novas referências brasileiras com público e reputação tem no rap um dos pilares. Gustavo Pereira Marques aka Djonga nasceu na Favela do Índio, em Belo Horizonte, e nunca esqueceu de onde veio.
Djonga, de seu nome artístico, cresceu a ouvir os mestres da música brasileira, de Elis Regina a Elza Soares, Milton Nascimento e Racionais MCs, e do funk, do funk como James Brown e do r&b como Mariah Carey. Chegou a ser aluno de História na Faculdade mas desistiu para se dedicar de corpo inteiro ao hip-hop. “A cultura negra é forte na minha família, então, o samba sempre estava presente nas festas”, recorda. “Quando tomei mais consciência do que realmente gostava em relação à música, a que mais me identifiquei por causa da minha geração foi o funk brasileiro. O funk sempre me falou da minha vivência”, descrevia.
Mais do que um rapper, Djonga é um poeta das ruas. Depois de alguns cyphers e colaboraçōes, estreou-se com grande fulgor em Heresia de 2017. Um disco que conseguiu o feito raro de ser aclamado por público e crítica (foi eleito o melhor do ano pela Rolling Stone), e revelador de intençōes desde a capa inspirada pelo Clube da Esquina (Milton Nascimento e Lô Borges, de 1972). “O Clube da Esquina deu certo, vingou, no sentido de romper as barreiras do Estado. É a questão do cânone. Quis, humildemente, comparar-me. Assim como eles, consegui ter êxito na carreira”, explicava.
“É, ao mesmo tempo, uma homenagem e uma heresia, tipo, ‘quem é este para fazer isto?’. É a falta de medo que tem que se ter na arte”, acrescentava. Exactamente, um ano depois chegava O Menino queria ser Deus, com versos gritados e inspiraçōes de To Pimp a Butterfly, de Kendrick Lamar. Mais uma vez, a capa é um manifesto com Djonga sentado no colo de uma mulher negra com o pé sobre um político branco.
Ainda e sempre a 13 de março de 2019 chegou Ladrão. “O tipo de ladrão que busca e traz de volta pras minhas e pros meus”, contava Djonga. Com Histórias da Minha Área, o álbum seguinte sobre um Brasil como um todo, incluindo o do interior, tornou-se no primeiro brasileiro a ser nomeado para os BET Hip Hop Awards. E entretanto, somou mais de quatro milhōes de ouvintes mensais no Spotify.
Esta sexta-feira, 13, chega “Inocente (Demotape)”. “Um álbum que fala de amor”, diz, e expõe experiências pessoais. Para novembro, está marcada a primeira digressão de Djonga pela Europa com concertos no Hard Club, no Porto, no dia 3, e no LAV, em Lisboa, no dia 4.
Bilhetes para Djonga – Porto: https://www.seetickets.com/pt/event/djonga-porto/hard-club/2686174
Bilhetes para Djonga – Lisboa: https://www.seetickets.com/pt/event/djonga-lisboa/lav-lisboa-ao-vivo/2686158