O Brasileirão do rap a marcar golos em Portugal
A música brasileira tem via aberta em Portugal, felizmente. O contrário não é bem assim, não por falta de esforço, ou de imaginação. Talvez singles transatlânticos como o recente Gorillaz, dos Wet Bed Gang com o carioca L7nnon consigam passar na alfândega, mas historicamente o câmbio é favorável à tricolor.
Falemos então de rap. Por todos os motivos, políticos, socioeconómicos e culturais, uma das posiçōes mais abundantes em talento de um novo Brasil menos virado para dentro do que no passado. Sem surpresa, alguns dos goleadores do ritmo, amor e palavras têm passado por Portugal para gáudio não só dos patrícios, mas também e cada vez mais da enorme comunidade brasileira residente por cá.
O recordista de singles Matuê, símbolo da nova geração do trap com 17 cançōes acima dos 100 (!) milhōes de reproduçōes, foi cabeça de cartaz do Spring Sound Fest realizado na Sala Tejo na Altice Arena. Djonga, um dos maiores fenómenos do rap brasileiro, estreou-se em Portugal com um concerto único no Páteo da Galé, na Praça do Comércio.
O supracitado L7nnon, autor do êxito cimeiro no Brasil Ai Preto esteve em Portugal para ser um dos cabeça de cartaz do festival bracarense Solnaro, realizado no Altice Forum, para dar um concerto em nome próprio no Coliseu do Porto, e ser figura cimeira no The Gang Festival, realizado no Campo Pequeno, em Lisboa. Salas grandes para um nome cada vez maior.
Avançado centro do trap, Sidoka já tinha cadastro em Portugal mas este ano regressou para se apresentar no Hard Club. Pela sala portuense também passará Aron Piper, conhecido apenas por Aron, a 10 de fevereiro. Na noite seguinte, será a vez do Lisboa Ao Vivo.
O rap socialmente consciente de um Brasil ainda a sarar as feridas do Bolsonarismo, desconfiado do novo velho timoneiro Lula da Silva, também atravessou o Atlântico. Drik Barbosa esteve há uma semana no B.Leza, Emicida apresentou AmarElo no Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, e no Festival Mimo, no Porto, enquanto a rapper LGBT Bia Ferreira esteve primeiro no Festival de Músicas do Mundo de Sines, primeiro, e depois na Festa do Avante – com muita polémica, devido às posiçōes políticas do PCP sobre a invasão da Rússia à Ucrânia.
Em 2023, não há razões para acreditar que o tráfego aéreo diminua.
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