As sete moradas do jazz – Cooljazz Festival

 

Começa esta semana o Cooljazz Festival em Cascais. Um festival distribuído por sete noites, sempre com três concertos, e ainda três DJ sets femininos em datas separadas.

 

O festival arranca este sábado com o repetente Lionel Richie. Um histórico da canção pop de alma negra, com passado nos Commodores e eternidade graças a singles Say You, Say Me, Easy (original da banda, popularizada pelos Faith No More), e o clássico dos clássicos All Night Long – garante de delírio transgeracional – para não falar de We Are The World, escrita a quatro mãos com Michael Jackson. O desassombro começa na primeira parte com a pop de camisa aberta de Filipe Karlsson e o concerto de abertura da noite é do Cátia Ribeiro Quarteto.

 

No domingo, dia 9, a radialista Filipa Galrão escolhe a música nos Jardins Paula Rego, junto ao Hipódromo Manuel Possolo, a casa do festival. O segundo Lazy Sunday do festival é da repórter Sara Ribeiro a 16 de julho.

 

De volta aos concertos, Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe são noruegueses de sangue quente e abrasileirado. Talvez por isso a MPB camuflada há muito tenha caído no goto dos portugueses. Há previsões de aquecimento local no dia 19. Já as portuguesas Golden Slumbers podiam ser uma dupla folk inglesa herdeira de Joni Mitchell ou Linda Thompson. É delas a primeira parte, enquanto o concerto jazz tem assinatura dos Fourward.

 

É uma semana intensa com a excentricidade familiar dos Snarky Puppy a encabeçar a noite de 20 de julho, secundada pelo tricot de Filho da Mãe na guitarra e os Bi Brain Beat a representar o jazz.

 

No dia 22, outro histórico e repetente: neste caso Van Morrison a afirmar e insistir com um ‘I’m Movin’ On’. Desta vez, a música continua com o residente do Jamaica, Bruno Dias, para quem pretende reviver dias de inocência e desejo. O momento jazz é de André Pizarro Pepe – os primeiros três nomes venceram o concurso de talentos da Smooth FM. A 23 de julho, a cantora e actriz Mariana Norton vem mostrar que ainda tem tempo para explorar uma outra faceta: a de DJ.

 

A trilogia final traz outro velho conhecido a Portugal. Quando ainda havia fenómenos locais, por vezes inexplicáveis, Ben Harper era uma omnipresença em festivais e salas. Chegou a fazer o Pavilhão Atlântico há cerca de vinte anos e, de então para cá, afastou-se da ribalta mas nunca deixou de gravar nem perdeu a garra política do ponto de vista de um afro-americano. A 26 de julho de 2023, é o mesmo Ben Harper só que diferente. A primeira parte é de Bruno Pernadas e o concerto jazz dos Mr. Monaco.

Na noite seguinte, Tiago Bettencourt joga em casa com as canções que ao longo dos últimos vinte anos têm feito parte do imaginário colectivo desde A Carta, dos Toranja, a Morena, Se Me Deixasses Ser ou O Jogo. Nena traz Joana Almeirante para a primeira parte e o Nihuju Trio tem jazz para a hora do jantar (20h00).

 

O festival termina a 29 de julho com Norah Jones, a comemorar vinte anos de Come Away With Me, uma das estreias mais bem sucedidas do século com 23 milhōes de cópias vendidas (!). Tal como Ben Harper, Norah Jones ainda é a mesma mas mudou bastante. Tornou-se mais enérgica e comunicativa, embora não necessariamente extrovertida. Antes, João Só convida Mónica Teotónio e o jazz fica por conta do Manuel Oliveira Trio.