Karla Campos (Live Experiences) – “O jazz é um género muito aberto”

 

Karla Campos é a responsável da Live Experiences, empresa promotora dos festivais Cooljazz e ID No Limits. Sobre o segundo, esperem-se novidades para breve. Para o primeiro, a decorrer em Cascais no mês de julho, mais nomes serão anunciados para juntar a Lionel Richie, Norah Jones e Snarky Puppy. E quanto a um cenário generalizado de inflação, reconhece a subida de custos na operação mas “pânico” é palavra proibida.

 

Até agora, foram anunciados três nomes para o festival: Lionel Richie, Norah Jones e Snarky Puppy. A identidade artística do festival vai manter-se?

KC: A identidade do festival é coerente desde a primeira edição. É essa consistência que nos faz partir para esta edição assumindo também o nosso desígnio “cool by nature”, ou seja, desde a primeira hora que temos a mesma linha condutora.

 

Festivais como o Super Bock Super Rock têm vindo a afirmar o rock não como género mas como atitude. No caso do Cooljazz, qual é o significado da palavra jazz?

KC: Os conceitos estão cada vez mais esbatidos e já não se colocam questões puritanas. O jazz é um género muito aberto, que tanto toca no r&b, na soul, no funk, entre outros géneros. É precisamente nessa diversidade que trabalhamos o Cooljazz.

 

O cartaz já está fechado ou está activa no mercado?

KC: Felizmente está muito adiantado. Falta um ou outro ponto mas estamos muito felizes com o que temos para apresentar em breve e juntar ao que já foi anunciado.

 

A sustentabilidade vai continuar a ser uma aposta? Se sim, como?

KC: É uma prioridade em vários pontos do festival, e não é de hoje. É um festival “carbon free”. Nada mais concreto como o aproveitamento do que geramos de excessos alimentícios que são entregues todos os dias no final de cada concerto numa parceria com a Zero Desperdício. Ações solidárias como guitarra solidária ou concerto solidário com a angariação de montantes e entregues a instituições de solidariedade social. A gestão de resíduos com a Câmara de Cascais e a Sociedade Ponto Verde. O uso de eco copo e zero uso de palhinhas. É um evento que está inserido da natureza, por isso o respeito, mais do que natural, é obrigatório.

 

Em 2023, o Cooljazz já não terá a EDP como parceiro. Na prática, o que muda?

KC: Todos os parceiros são sempre bem vindos dentro de uma lógica de partilha de objetivos. Há uma linha condutora do Cooljazz desde o início e sendo fiel a essa linha torna mais fácil de trabalharmos. Agradecemos todos os parceiros, mas temos sempre que colocar o Cooljazz e o seu público em primeiro lugar.

 

Um novo parceiro poderá chegar? Se sim, com que papel?

KC: Estamos totalmente abertos ao diálogo. Teremos sempre que ter a certeza que os valores da marca Cooljazz são inabaláveis e dentro dessa lógica estamos sempre abertos a todo e qualquer diálogo.

 

A pandemia, primeiro, e agora a inflação, espelhada, por exemplo, na subida do custo dos combustíveis, estão a colocar novos entraves? Os cachets estão mais altos?

KC: Os custos de operação terão aumentado na ordem dos 30% mas temos que viver com essa realidade porque caso contrário estamos a subir os preços dos bilhetes também em 30% e o que irá acontecer será o público desaparecer. Os promotores em Portugal são uma espécie de heróis silenciosos porque já tínhamos tantos problemas como sermos periféricos, logo os custos para cá chegar são sempre maiores, agora temos ainda mais condicionantes.

 

A expectativa de uma recessão é uma corda ao pescoço dos promotores?

KC: Tem que ser gerida e analisada. Não vale a pena entrar em pânico.

 

Qual é o peso de público de outras nacionalidades, turista ou residente em Portugal, na bilhética? Pode atenuar a perda de compra do público local?

KC: Há efetivamente um público internacional no Cooljazz. Nomeadamente quando temos artistas de craveira internacional da dimensão de Lionel Richie, por exemplo. É um caso que temos a certeza absoluta de atrair pessoas de outras nacionalidades residentes e não residentes em Portugal.

 

Enquanto promotora e parte integrante do sector dos festivais, que cenário traça para 2023?

KC: Esperança de retoma da normalidade, deixar para trás as remarcações, as devoluções de bilhetes e o que todos sofremos. Mas como sou otimista acredito que será um bom ano, mas para o qual temos que planear e agir com muita cautela sem grandes riscos.

 

A Live Experiences também organiza o ID No Limits? Que novidades e para quando podemos esperar?

KC: Para breve serão dadas novidades.

 

Quem nunca trouxe e ainda alimenta a esperança de trazer?

KC: Todos os anos fomos atingindo objetivos muito concretos como trazer ícones da música como Tom Jones, Paul Anka, Van Morrisson, David Byrne, The Roots. É por aqui que queremos continuar.

 

Há algum concerto que a tenha marcado especialmente?

KC: Entendo a pergunta, mas é mesmo de resposta difícil. Talvez diga  Van Morrison, The Roots, David Byrne em 2018, ou o do Jorge Ben Jor de 2022 porque foi o último feito e deixa umas excelentes memórias.

 

Enquanto mulher num sector dominado por homens, observa mudanças?

KC: Não. Mas diariamente luto pela mudança, é a minha realidade e é com ela que trabalho todos os dias.

 

Os bilhetes para o Cooljazz Festival já estão à venda em: https://www.seetickets.com/pt/promoter/live-experiences/1842