Entrevista Cine-Incrível

 

No site do Cine-Incrível, defende-se “um novo associativismo”. Como descrevê-lo?

Novas formas de associativismo surgiram de há uns anos para cá, não com a conotação de coletividade, mas sim núcleos mais pequenos de associados, em que se juntam sinergias para fazer acontecer “coisas”. Um associativismo sustentável, menos subsidiodependente.

 

O Cine-Incrível é um espaço multi-cultural e não apenas musical. Qual é a linha programática e quais são os limites?

Assim, o referimos uma vez que temos não só diversos estilos musicais, mas também artes performativas, teatro, stand-up, exposições de artes plásticos e ou de jovens criadores, ateliers, workshops, conferências, entre outros.

 

Formar públicos é uma prioridade?

É a maior prioridade a nossa razão de existir não só enquanto projeto de dinamização cultural, mas consequente a fonte da nossa subsistência financeira. Como referido, não dependemos de subsídios, logo dependemos do nosso bar e os artistas da nossa bilheteira.

 

O Cine-Incrível já tem público que frequenta a sala, independentemente da programação?

Tem diversos públicos consoante a programação, por exemplo o público do jazz poderá ser maioritariamente só público de jazz, mas há público que tem gostos mais diversificados e frequenta diversos tipos de espetáculo. Para além disso há um conjunto de pessoas que frequentam o espaço independentemente do espetáculo, apenas como ponto de reunião e onde se sentem bem.

 

Quintas como as de jazz são um risco ou há público fiel para apostas de nicho?

São um risco porque não tem ainda um número de pessoas que o torne autossustentável. É um nicho, mas é uma aposta consciente, mesmo que com prejuízo maioria das vezes que a associação decidiu fazer e que persiste em continuar.

 

Que desafios se colocam a uma sala que não fica em Lisboa mas está muito próxima de Lisboa?

São enormes os desafios, ainda há muito estigma em atravessar a ponte de Lisboa para cá, enquanto que a margem sul sempre o fez de forma inversa. Por outro lado casas deste tipo em Lisboa vivem muito também do turismo, enquanto que em Almada, 99% do turismo é religioso e decorre durante o dia. Costumamos dizer que se o nosso espaço estivesse em Lisboa, nenhum de nós precisava de continuar a ter um emprego e poderia dedicar-se só à associação.

 

Durante anos, Almada foi um viveiro de bandas. Ainda é assim ou resta apenas uma memória?

Ainda é assim, são de outro tipo ou de outro género, mas existem imensas, já não há é formas de as divulgar como existiram nos anos 80. Essa é outra aposta que vamos fazendo de forma equilibrada, dar palco a bandas emergentes e de originais. As rádios não divulgam, ninguém divulga.

 

Os artistas locais são prioritários para a programaçāo?

Tentamos sempre, de forma intercalada com outras bandas que nos garantam a nossa sustentabilidade e desde que cumpram alguns padrões de qualidade, estarem preparados para fazer um espetáculo que não de fraude o nosso público, mas sim tentamos sempre dar oportunidade. Infelizmente as datas nunca são suficientes para tantos pedidos, de norte a sul do país e também do estrangeiro.

 

O que destacaria da agenda próxima?

O Festival Jazz Manouche Almada 2023

Todos os concertos são importantes e escolhidos criteriosamente.

 

Que concertos recentes lhe ficaram na memória?

CLÃ

ENA PÁ 2000

CAPELA DAS ALMAS

JOÃO AFONSO

e… seriam muitos pois já estamos a funcionar desde 2011