Festivais de inverno – aconchego longe do sofá

 

O verão acabou, a chuva voltou, mas os festivais ficaram. Longe vão os tempos em que o Outono/Inverno era uma frustração de mantas e chá, sem programas para aquecer o coração. Embora em número menor, há festivais e com programações internacionais ambiciosas. 

O mais mediático é o Super Bock em Stock. Dois dias, dez salas e 50 concertos no eixo da Avenida da Liberdade fazem deste um festival diferente dos demais, preenchido por apostas em nomes emergentes, mais do que sonantes. Este ano, destacam-se a artista de r&b de treino clássico Sudan Archives, autora de Natural Brown Prom Queen, um dos álbuns mais reinventivos da temporada, a banda pós-punk Porridge Radio, o nigeriano muito londrino Obongjayar, que depois de alguns EP se estreou por fim em longa-duração com Some Nights I Dream of Doors, a produtora colombiana Ela Minus, assim como as brasileiras Céu e Juçara Marçal. A selecção nacional é liderada por David Bruno, que irá apresentar o novo Sangue e Mármore com convidados, e tem ainda, entre os titulares, Ana Mariano, Beatriz Rosário, Irma, Jura, Kady, Miguel Gizzas, Motor, Papillon, os regressos Pluto, Rita Dias, The Lemon Lovers e Vila Martel.

O amanhã dos dias 25 e 26 de novembro pode muito bem passar por alguns destes, assim como os da intempestiva dupla They Hate Change, desafiadora das fronteiras do hip-hop e amiga do peito do mau feitio. Um caso a seguir com atenção.

Prova da descentralização, sobretudo a norte, o Festival Authentica decorre a 9 e 10 de dezembro no Altice Forum em Braga. O cartaz é variado entre a pop, o EDM e muito hip-hop português. Kodaline, Rag’n’Bone Man, Luísa Sonza, James Bay ou Becky Hill prometem transversalidade, refrães colectivos, suor e algumas lágrimas. Os De La Soul trazem um importante compêndio da história universal do hip-hop. Profjam, Mundo Segundo & Sam The Kid, Chico da Tina e Jimmy P fazem muito barulhoooooo com rimas biográficas. Dino D’Santiago é a voz do momento na música portuguesa. E entre Celeste Mariposa, Farofa ou DJ Firmeza há um misto de multiculturalidade e criolidade para esticar as noites até onde o corpo resistir. 

Enquanto o Authentica é assumidamente familiar, o Space Festival é não só experimentalista como “privilegia a passagem por territórios de baixa densidade, para que localidades de pequena e média dimensão sejam também palco para a cultura contemporânea”. O festival já começou em Paredes de Coura, onde estará até 5 de novembro, e estende-se a Ponte de Lima (6 de Novembro), Montemor-o-Velho (11 a 13 de Novembro), Monção (18 a 20 de Novembro) e Caminha (25 e 26 de Novembro).

 

O cartaz deste ano inclui nomes como Gustavo Costa, OCENPSIEA, João Pais Filipe, Ricardo Jacinto, Vera Morais e Hristo Goleminov, Krake, Cíntia, Margarida Garcia, The Rite of Trio e Cluster – Grupo Experimental de Matosinhos. Além de concertos, inclui também espetáculos com interação entre música e vídeo, como é o caso de alguns filmes-concerto do Space Ensemble: Filmes da Terra do Pai Natal, incluido no programa de serviço educativo, e a estreia do novo espetáculo Music For Short Films, que será apresentado em vários locais criando combinações únicas de músicos e filmes a cada apresentação. O Space Festival receberá também o ensaio audiovisual Sobre a Cegueira (inspirado no romance Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago), de Vitor Joaquim, João Silva e Raquel Castro, Cody XV, um projeto de Pedro Sousa, e Ry Vuh, que junta Jorge Queijo e Jorge Coelho na bateria e guitarra, acompanhados por João Guedes nos efeitos visuais. Será também apresentado o espetáculo participativo Minho Coura Lima, transversal aos municípios de Paredes de Coura, Monção e Ponte de Lima, que já está a ser desenvolvido com as comunidades de cada local, que participam nos espetáculos finais apresentados nas três localidades.

Um outro bom exemplo de disseminação de propostas é o Vivarium. No fim de semana de 18 e 19 de Novembro, o Maus Hábitos – no Porto – e o Café Concerto do Teatro de Vila Real recebem a 3ª edição do festival “dedicado à exploração dos múltiplos planos de intersecção entre o orgânico e o tecnológico, com uma programação recheada de concertos, performances, exposições e conversas”. O cartaz apresenta concertos de Lucrecia Dalt (Colômbia), Mai Mai Mai (Itália), Luís Fernandes (Portugal) e Tatsuro Arai (Japão); performances de Inês Tartaruga Água (Portugal), Tarik Bari + Sote (Holanda), Khyam Allami (Iraque) e Carincur (Portugal), assim como a exposição da artista audiovisual Mariana Vilanova, em patente nos dois espaços.

O novo Discoveries Festival tem uma noite só. A 10 de dezembro, o Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, recebe Danny Avila, Klingande, Justin Mylo, D.O.D, Brohug e o português Stckman para uma noite de várias disciplinas de house com um só propósito: deixar o corpo à solta. 

 

Bilhetes aqui:

Super Bock em Stock – https://www.seetickets.com/pt/event/super-bock-em-stock/varias-salas/2403076

Festival Authentica – https://www.seetickets.com/pt/event/festival-authentica/altice-forum-braga/2425182

Discoveries Festival – https://www.seetickets.com/pt/event/discoveries-festival-2022/pavilhao-carlos-lopes/2423073