Maracujália – Alto e avança o baile

Maracujália é um movimento cultural positivo e diversificado (…) Trazemos a energia tropical e o poder dos sons diaspóricos”, lê-se no manifesto da Maracujália. É uma festa, sim, unificadora, física, sensorial e quente, mas é também a expressão corpórea de uma mutação cultural importante para compreendermos quem somos através da música.

O Baile Maracujália nasceu no Porto, e essa continua a ser a sua sede, com uma breve incursão pelo Ferroviário, em Lisboa, há três anos e, já em abril deste ano, uma produção conjunta com a 99Ginger na UUCLA. Este sábado, dia 14, a Real Companhia Velha, em Vila Nova de Gaia, leva mais um baile. O cartaz é plural, abrangente e inclusivo, como se quer numa pista. Os exercícios de aquecimento são administrados por Zwavvy. O habitué Francisco Valente, membro do colectivo responsável pela curadoria XXIII é o senhor que se segue. De Lisboa, chega a dupla Studio Bros, formada por Famifox e Nunex, dois santomenses criados na Quinta do Mocho, que personificam através do afro-house, a hipótese de a música ser um retrato social de uma comunidade nem sempre representada com precisão no espaço mediático. De Antuérpia, Danga traz um híbrido sofisticado e agitador de hip-hop e r&b com afro, funk e música de 45”.E, por fim, Arthi, residente da Rinse FM, é garantia de transformação facial e linguagem corporal, com um set viajante do hip-hop, ao afro e UK Funk. Clássicos, sofisticação e novidades absolutas pedem ouvidos bem abertos e pernas disponíveis para correr.

O histórico da Maracujália é rico. Produtores como Joe Kay, Hannah Faith, Jarreau Vandal, Jamz Supernova, Jaël, Mina, DKPVZ, Nigga Fox, Pedro da Linha, Shaka Lion, Progressivu, Noia e Torres, entre outros, já passaram pela festa que desde a primeira edição, no mítico Guindalense Futebol Clube, encheu carruagens a caminho do Porto. Cada um à sua maneira, personifica uma mudança radical na cultura da música de dança, cada vez menos restrita aos cânones do house e do techno, e mais disponível a absorver outras referências como hip-hop, r&b e culturas locais como o baile funk ou o afro-house.

A música é essencial mas a festa explica-se não apenas pelos artistas mas sobretudo pelo público que vive e vibra ao som dos beats mais arrojados e das melodias mais quentes. É um evento de partilha e comunhão de valores em que a música simboliza valores urgentes como a agregação, a tolerância e a pluralidade. A dança como forma de liberdade do corpo, e de respeito pelo próximo.

Bilhetes para o Baile Maracujália aqui