Musicbox, a caixinha de surpresas
Inaugurado no final de 2006, sobre as cinzas do defunto Texas Bar, o Musicbox aproxima-se a noites largas da idade adulta. Para já, são mais de quinze anos de luta incansável por uma programação cultural atenta, relevante e cosmopolita. É do bar e da bilheteira que vêm as receitas mas é na curadoria que está o valor acrescentado de uma sala que começou por mudar a face do Cais do Sodré.
Alguns anos antes do advento da Rua Cor de Rosa e de espaços renovadores como a Pensão Amor e a Velha Senhora, o Musicbox devolveu a zona a melómanos, com concertos de bandas emergentes, incluindo as portuguesas, e novas tendências de clubbing, convidando DJs e outros nomes ligados à electrónica a guiar noites até à manhã seguinte. A persistência tem dado frutos. Demorou, mas Lisboa passou a fazer parte de circuitos internacionais e, se esse esforço tem de ser atribuído a uma série de agentes, como promotores e programadores. O Musicbox veio para somar ao panorama já existente e contaminar outros espaços como o Maus Hábitos, o Plano B ou o Pérola Negra, no Porto, ou festivais como o Aleste e o Tremor.
Não é um clube de género, embora se reconheçam tendências em diferentes épocas. Uma aposta clara na dita cena indie na última década, a vinda regular de DJs ligados à vanguarda londrina ao longo dos anos, uma forte ligação com o circuito independente local e, mais recentemente, uma emergência identitária: mais mulheres, maior igualdade de género e racial. Por outro lado, não apenas o rock tem vindo a perder espaço, como cada vez mais predominam os nomes próprios. Formatos pequenos de palco, muitas vezes individuais, suportados por voz, corpo e máquina. E basta para fazer a festa.
“É tempo de deixar junho entrar”; anuncia o clube nas redes sociais. Vai ser mais um mês de diversidade com nomes que podem ir de Jehnny Beth, a vocalista das hibernadas Savages, agora a solo, a tomar parte no assalto da Casa Tigre no dia 8, ao funaná punk de Scúru Fitchádu no dia 10, a apresentação do álbum de estreia dos Fado Bicha no dia 15, ao rapper paulista Rincon Sapiência no dia 24. Shaka Lion (dia 10), Pedro da Linha (24), Progressivu e Vanyfox (25) são alguns dos condutores do clubbing. Já confirmados estão Destroyer (5 de julho), Vetiver (18 de julho), o novo brasil de Letrux (28 de julho), e o swing clássico de Marcos Valle (21 de outubro).
Dentro da caixa, há quem pense para fora dela.
Bilhetes em: https://see.tickets/musicbox
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